terça-feira, 6 de maio de 2008

"Nardonismo" - O Movimento


Tantas vezes na vida quis definir pessoas que "em nome do amor", "em nome de Deus" ou em nome de tudo o que mais divino exista, roubou, dilacerou, feriu, magoou, fez sofrer principalmente os seus, que o máximo que eu conseguia chegar era em uma "certa psicopatia" e mesmo assim isso nunca me convenceu.

Eu nunca gostei de tratar a maldade alheia como doença. Doença tem cura, tem remédio, tem especialista e de certa maneira "libera" o culpado. Afinal ele é um "doente". Sempre achei isso brando demais.

Aquilo que não tem nome me incomoda.

O que motiva estas pessoas não é o amor que elas tenham por alguém ou a crença em Deus. O que as capacita é o "nardonismo", é a "manipulação" do errado sobre o certo, em nome de sentimentos nobres e divinos, "nardonismo" este tão conhecido por todos nós.

No caso da menina Isabella, acredito que esta comoção nacional (fora o "espetáculo" tão bem orquestrado pelos meios de comunicação) se deve ao fato de que todos conhecemos ou fomos vitimizados pelos nardones que existem sim entre todos nós. Conhecemos (as vezes até intimamente) nardones que não são pobres infelizes, nardones que não são vítimas da miséria, não são os "neguinhos excluídos", os analfabetos da periferia, os drogados do pedaço ou os alcoólatras os quais nos acostumamos ver arrasando o mundo, saqueando a vida, destruindo seus pares, enchendo as penitenciárias com seus dentes podres e sua legítima vocação ao crime, seja ele de qual espécie for.

Não, os "nossos" nardones estão bem aqui entre nós, muitas vezes escolhidos à dedo e aprovados num rigoroso processo de seleção.

Não sei se ter a consciência disso tudo é bom ou se dói.

Só sei que dormi achando que era bom e acordei muito dolorida!


Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei o texto, você escreve maravilhosamente! é um prazer ler seus textos, prazer que já tive a oportunidade anteriormete de ler outro texto seu.
Beijo carinhoso, Marcos.